Transitoriamente 2012: Existimos para quê? (Uma retrô-expectativa)

Posted in Feliz Natal with tags , , , , , , on 29/12/2012 by transitoriamente

Espassando...

Mais um ano em que eu paro para escrever a retrospectiva da Transitoriamente e uma saborosa sensação de vitória aparece por aqui.

Não que o caminho tenha sido apenas de vitórias, a labuta é árdua, porém o saldo no final das contas é o que aparece e a alegria de trabalhar com música, audiovisual e fotografia deixou o ar muito mais leve e preparado para o novo “mundo” ano.

 
Nesse final de 2012 uma questão me veio em mente e ficou por aqui martelando: Se a Transitoriamente não existisse, o que não existiria?

Afinal, o que estamos fazendo de diferente e relevante? Quanto vale aquilo que não se conta em cédulas e saldos bancários?

Foi um momento para repensar as coisas, os caminhos, as formas de se fazer, os erros e acertos, as pessoas…

Por mais que o final de ano carregue certos simbolismos que a gente pode, por livre vontade, ficar distante, é possível também se utilizar desse “período” para fazer os balanços necessários. Uma boa oportunidade para mexer nas nossas “gavetas imaginárias”.

Um simples momento de consciência e você passa a enxergar nitidamente o que realmente vale a pena, por quais causas lutar, por quais motivos continuar ou não seguir.

Acima do reconhecimento e da grana, existe em mim uma verdadeira vontade de realizar algo novo, deixar algo para amanhã, emocionar as pessoas, fazer a vida e sua jornada um pouco mais divertida. Alegria que pode vir até de lágrimas…

Quem sabe seja um daqueles surtos semanais de vaidade. Se for, farei dessa vaidade um dos pontos da minha caminhada. Não existem vícios elegantes? Pois, bem…

Fui tomado por uma alegria de continuar, de fazer mais e melhor, de reafirmar a minha gratidão àqueles parceiros de jornada. A vida vale a pena no detalhe…

Para mim e para a Transitoriamente foi um ano particular, em grande parte pela diversidade de trabalhos e experiências que tivemos, pelas pessoas que conhecemos e as novas parcerias que surgiram. Semeamos e continuamos a semear…Colhendo…

A resposta para a questão-base desse post está nos trabalhos a seguir.

Que 2013 seja o que você quiser.

Um grande abraço,

Antonio Rossa

Clássicos com Energia por Juliano Baby

Começamos o ano com o lançamento do DVD Clássicos com Energia, da Camerata Florianópolis. Um união inédita de uma Camerata e uma banda de rock – regida por Jeferson Della Rocca – tocando clássicos de Beethoven, Mozart, Rossini, Vivaldi, etc. O lado rock’n’roll veio da banda Brasil Papaya, e em grande estilo.

Na sequência foi a vez do DVD “Brasil Papaya: Emancipation”, trabalho em comemoração aos 18 anos dessa que é uma das mais importantes bandas da história de SC. Multiculturalidade em alto e bom som.

Brasil Papaya: Emancipation

Para quem conhece a Brasil Papaya, sabe o quanto esse material era necessário. Antes de mais nada, considero o DVD um presente a todos os catarinenses, e também aos fãs da boa música.

Recentemente lancei duas músicas do meu ep “Espassia”, que mais uma vez contou com a banda Sociedade Soul (arranjos), com as participações especiais de Marcelo Mudera, Rodrigo Daca e Bruno Jacomel, além dos arranjos de metais do mestre Jean Carlos.  A capa do Espassia foi feita pelo artista catarinense Thomas Hernandez. As duas músicas restantes serão lançadas em fevereiro.

Logo após lançamos o videoclipe do cantor catarinense Airon. Foi um dos trabalhos mais divertidos do ano. Produção afinadíssima, equipe talentosa e muito divertida.

Airon - Gravação Videoclipe - Foto: Juliano Baby

Para fechar 2012 com estilo e apontando para o futuro, voltamos aos anos 60 com o vídeo de José e uma homenagem à grande banda brasileiraOs Mutantes. Dirigido pelo norte-americano Jeff McCarty e por mim, e estrelando Francieli Tramontini na pele de Rita Lee, esse videoclipe, além de um presente de Natal para todos os fãs, é também o ponto de partida para um projeto de longa sobre a história da banda.

FRAN1 CREDIT

“Social Good Brasil” começa amanhã em Floripa.

Posted in Uncategorized with tags , , , , , on 05/11/2012 by transitoriamente

De amanhã até o dia 08.11 acontecerá o Social Good Brasil em Florianópolis, evento este que será palco de discussões sobre como as tecnologias, as novas mídias e o pensamento inovador podem ter grande impacto social.

O blog Transitoriamente estará no Centro Integrado de Cultura (CIC), local do evento,  durante os três dias acompanhando a movimentação e postando informações e novidades.

O evento contará com palestrantes nacionais e internacionais, referências nas áreas sociais e de tecnologia.

Acesse www.socialgoodbrasil.org.br e saiba como fazer parte desse grande evento. Está chegando a grande hora!

Se você está lendo esse post agora é porque de alguma maneira você já está inserido nessa nova forma de comunicação e relacionamento.

Um grande abraço,

Antonio Rossa

Sete Questões para Humberto Gessinger

Posted in musica, sete questoes with tags , , , , , , , , , on 26/09/2012 by transitoriamente

 

Mesmo que o sucesso seja algo subjetivo e fugaz e a música pop promova celebridades que amanhã simplesmente se apagarão, alguns artistas conseguem imprimir uma diferente versão para este fato e prolongar os seus 15 minutos de fama.

O gaúcho Humberto Gessinger vem há mais de 25 anos escrevendo a sua história dentro da música brasileira, ora com o seu Engenheiros do Hawaii, ora no power-duo Pouca Vogal ou até mesmo na literatura, onde o compositor já está na sua quarta publicação. Também se tornou blogueiro e atualiza todas as semanas, na virada de segunda para terça feira, o seu BloGessinger (Acesse aqui).

Sucesso nacional na virada dos anos 80 para os 90, Gessinger conseguiu a proeza de sobreviver ao onipresente “furacão pós-mainstream” – aquele que leva celebridades ao chão com a força de um tsunami – com novos trabalhos e a agenda cheia ao longo da década e meia que se seguiu, mesmo após a ruptura do clássico power-trio Gessinger, Licks e Maltz (GLM).

Quem viveu o momento sabe que o Engenheiros do Hawaii foi uma das bandas mais “achincalhadas” pela crítica nos anos 90, o que em parte ajudou o trio a contar um séquito de fãs fiés e defensores. Eram tempos pré-internet e o mundo da comunicação era montado numa espécie de pirâmide imóvel, com caminhos estreitamente inacessíveis.

Transcendeu formatos – o próprio Gessinger diz ter sobrevivido ao LP, K7, VHS, DVD, DAT, CD e mp3 – e mantém-se na ativa e na estrada. Atualmente encarna o Pouca Vogal junto de Duca Leindecker (Cidadão Quem) e o Trio Grande do Sul, com os músicos Esteban Tavares (Ex-Fresno) e Paulinho Goulart, além de mensalmente promover uma twitcam tocando seus clássicos e novidades.

A volta do Engenheiros parece adentrar o horizonte, apesar de Humberto não confirmar datas e nomes. O alfabeto que formará o “novo-velho” Engenheiros ainda é incerto. Apostas? 

Com vocês Humberto Gessinger no Sete Questões da Transitoriamente.

Um abraço,

Antonio Rossa

Antonio Rossa – Depois de mais de 25 anos de estrada, 19 discos lançados, mainstream em algum ponto da carreira, hoje as suas inquietudes estão mais estáveis? Existe um lugar chamado “lá” onde tantos querem chegar? Você sente que chegou “lá”?

Humberto Gessinger – Não há um objetivo alcançável. Sem bússola nem norte, a caminhada é tudo que há: estar em movimento, na direção que o coração manda. Depois de anos de arte/ofício, as linhas entre passado, presente e futuro ficam imprecisas.

AR – Num ambiente “transmidiático”, onde todas as formas de mídia interagem entre si, você acha que a canção corre o risco de se transformar em um mero pano de fundo? A sua escrita, seus livros, hoje lhe são uma espécie de “continuidade musical” ou uma necessidade?

HG – Desde sempre, pra muita gente, a canção é só um pano de fundo. Não faz sentido exigir que todos se relacionem com ela de forma mais intensa. Até para alguns colegas músicos sinto que a canção não parece ter muita transcendência. Quanto à literatura, ela ocupa algumas frequências no meu espectro sensorial. Assim como  o baixo ocupa as frequências mais graves e a guitarra as frequências médias do espectro sonoro.

AR – Em termos de impacto sonoro, um DJ solitário pode alcançar certos “volumes” que antigamente somente uma grande orquestra alcançaria. Uma banda hoje em dia é um formato datado? Veremos um dia o Humberto DJ (risos)?

HG – Pra mim, a questão não é o volume, é a performance. A música sendo feita de forma “irredutível”. Se for assim, o formato é secundário, instrumentos serão só ferramentas.

AR – O Engenheiros do Hawaii será reinventado? A cobra já mordeu o próprio rabo?

HG – A cobra ainda não fechou a boca… os dentes do cachorro ainda não separaram o rabo do corpo.

AR – Com HDs cada vez mais poderosos, quem sabe chegue o dia do “fim da memória” pessoal ou cerebral. Você arriscaria supor o impacto disso?

HG – É possível que aconteça, mas qualquer projeção feita por analogias está fadada ao fracasso. Não dá pra imaginar como seremos.

AR – O que mudou no Humberto compositor de 1986 e o de 2012? Com o passar do tempo a gente passa a entender, a aceitar ou a esquecer?

HG – O compositor aprendeu alguns atalhos que se nega a usar. Então: mudou ou não mudou? Se aprendeu, mudou. Mas se não usa, não mudou.

AR – Uma ideia para o futuro…

HG – Hoje li que um museu disponibilizou para www todo seu acervo de Goya. Quero deixar uma idéia de esperança na boa utilização da nossa tecnologia. É preciso acreditar, estamos naquele ponto do vôo onde já não há combustível para voltar. Muita gente propagandeia um passado mítico que, além de não existir agora, nunca existiu.

 

 

Espassia em dois teasers

Posted in musica with tags , , , , , , , , , on 11/09/2012 by transitoriamente

Demorei mais de uma década para colocar algumas de minhas composições em um disco. Acho que desde que eu peguei pela primeira vez um violão nas mãos havia um plano que ficava martelando meus sonhos. Eu precisava registrar algumas dessas canções.

Em 2009 lancei NUVEM, um EP com cinco canções. Durante o processo de gravação, apesar de não ser uma verdade evidente, algo me dizia que eu faria esse trabalho e o sonho estaria realizado e ponto final. Não foi assim. Meses depois voltei ao estúdio The Magic Place para gravar o single “As Ruas”, em parte para matar aquela larica danada, em parte para simplesmente manter a coisa viva e pulsante.

Alguns meses se passaram e as novas canções foram surgindo. Elas sempre nascem sem pretensões ou sentidos, eu apenas preciso jogá-las para fora e faço isso com um tom quase religioso. Quem sabe isso seja o meu esporte preferido, talvez a única dança que eu realmente posso dizer que sei dançar de alguma forma.

Muitas vezes acho que estou compondo para ninguém, porém esse “ninguém” vai ganhando rostos e alguns sorrisos sinceros, e em outros momentos acabo encontrando algumas pessoas cantando as canções de cabo a rabo (e até mesmo o disco), e isso cria uma certa motivação extra que me faz sair do casulo da minha auto-satisfação.

Tudo bem, inicialmente não tenho muita saída, a canção precisa antes de tudo me agradar e me fazer o mínimo de sentido. Mas depois eu quero ar, quero que elas voem. Provavelmente a minha única pretensão real na vida seja com a música, o resto, bom o resto vamos seguindo na maior leveza possível.

Pois bem, não quero me estender demais ou mais. Um novo EP está a caminho e dois teasers das gravações já estão na rede.

Mais uma vez venho acompanhado da banda Sociedade Soul e de novos convidados. Em relação aos “novos convidados” , futuramente eu farei um post especial sobre eles.

Muito provavalmente “Espassia” será lançado em novembro desse ano.

Um abraço,

Antonio Rossa

Sete Questões para Tom Custódio da Luz

Posted in musica, sete questoes with tags , , , , , , , on 20/06/2012 by transitoriamente

Evitar a comparação é tão incrivelmente complexo quanto imaginar andar sem chão. Somos inevitavelmente compelidos a comparar qualquer sinal de estímulo, tudo com todos, e salvo a nossa aparente limitação de cruzamento de dados, sempre precisamos encontrar o par de algo.

Estou com o CD promocional de Tom Custódio da Luz em minhas mãos (Produzido por Oliver Dezidério e Direção Artística de Raul Albornoz), e confesso que ainda me agrada a ideia do CD, da ordem das músicas propostas, da foto da capa e por quais motivos ela nao está na contracapa. Esse senso se perdeu no mundo virtual, mas aí o papo é outro.

Catarinense de Blumenau, o jovem compositor reúne Tom e Luz em seu nome, um quase presságio, ou talvez apenas uma responsabilidade prévia.

Fui pego mais uma vez pelo ato da comparação direta, o que se não bem dosado pode levar uma ideia ao desdém prematuro ou ao excesso de bajulação de quase todas as coisas.

Enquanto ouvia Luz, a conversa rolava na sala, e nas brechas das palavras conversadas algumas coisas me chamavam a atenção.

“Tudo bem”, pensei enquanto tentava encaixar os pares do jovem compositor. Mas espera aí, lá estavam João Gilberto, Chico, Caetano, Camelo e Jeneci, pra ser bem simplista e chegar logo a uma conclusão. Que nada, Luz conseguiu dar seu toque em poesias muito bem escritas, danadas no bom tom. espertas. Além da competente banda que conseguiu o belo feito de não soar acima do cantor.

Se nada mais me chamasse a atenção, eu ainda diria que Luz estava ali ajudando a levar alguns estilos consagrados adiante, o que já não seria pouca coisa.

Mas o compositor se destaca do óbvio, e mesmo quando óbvio alguma coisa soa particular. Mais do que aquilo que é, a vida se faz também na ideia daquilo que pode ser. Eu acredito que Luz será.

Bom som e um abraço,

Antonio Rossa

Antonio Rossa: Tom, você se lembra do seu despertar para a música? Como foi esse processo?

Tom Custódio: Mais ou menos. Eu sempre gostei de música, e gostava de cantar quando criança. Esse gosto sumiu em algum ponto da minha infância e retornou aos meus 14 anos, quando conheci uma banda chamada Oasis, de que gostei muito, que me incitou a compor. Acho que dá pra dizer que eu comecei a viver música mais ou menos dessa maneira que vivo agora quando conheci essa banda.

AR: Sendo bem simplista, senti na sua música influências de João Gilberto, Chico, Marcelo Camelo. Quais as infuências que a gente não consegue enxergar nitidamente no seu som. mas que lá estão? Poesia, pintura, literatura?

TC: Eu não sei bem como funciona esse negócio da influência. Não sei se todas as coisas de que gosto acabam aparecendo no que eu faço e é isso que se chama de influência. Não sei. Eu não tomo absolutamente nada por modelo, realmente. É claro que conhecendo certos tipos de música e descobrindo beleza nelas eu acabo, mais tarde, quando quero fazer algo bonito, quem sabe “mencionando” essas músicas, mas não faço por querer.

Então o que eu costumo dizer que é influência pra mim é o que eu tô gostando mais de ouvir no momento. Nesses últimos tempos ouvi um pouco de Queen, de Strokes, Beatles, Novos Baianos. Gosto muito desses todos, quem sabe isso fique mais ou menos aparente nas composições.

AR: A arte muda o mundo ou apenas o ameniza?

TC: Que pergunta danada. Eu acho que muda horrores. Nesse momento eu vejo a arte como uma organização muitíssimo estética do vivido e acho que qualquer tipo de organização tem implicações na maneira como se lida com aquilo que se vive.

Não fosse o rock e eu teria uma dificuldade muito maior em lidar com a minha agressividade, por exemplo, e se nunca tivesse havido o samba o significado de alegria seria completamente diferente pra mim.

Acho que a arte dá conta de certas coisas que a comunicação verbal deixa um pouco de lado e eu não consigo imaginar uma sociedade coesa sem arte. Toda experiência é sensível e alguma coisa tem que permitir uma expressão mais ou menos fiel desse aspecto da experiência.

AR: Pode-se entender um artista como alguém inquieto, e de certa forma insatisfeito, que tenta remodelar as coisas a sua volta e a sua maneira. Você tem alguma pretensão de remodelar algo e o que seria isso?

TC: Eu gostaria que muitas coisas fossem diferentes, mas isso não faz parte do meu trabalho como artista. A minha arte tem que ser inútil nesse sentido. Eu não escrevo nem desenvolvo as músicas por causa de alguma coisa, pra gerar algum resultado, senão o poema vira uma petição, um abaixo-assinado, sei lá o quê.

Quando a arte deixa de ser brincadeira, quando ela é um meio e não um fim em si ela não é mais arte e ela vira um absurdo total, pra mim. Se eu toco violão não porque eu tô com vontade, mas porque é importante pra isso e pra aquilo, tocar fica tão chato quanto ir no banco pagar uma conta. Às vezes é importante tocar violão pra estudar um dedilhado novo ou alguma coisa assim, mas aí não é arte, aí é um treino de coordenação motora, de memória visual, tátil e que serve ao propósito de tornar mais fluida e natural a brincadeira que se quer brincar.

AR: A cultura catarinense até o momento não produziu “baluartes” nacionalmente reconhecidos. O renomado escritor Cristovão Tezza, por exemplo, apesar de catarinense reconhece-se na prática como paranaense. Como você avalia essa “não-projeção” dos nossos artistas?

TC: Não sei o que acontece, nunca problematizei isso. Quem sabe haja pouco incentivo.

Eu morei em Piçarras e Balneário Camboriú antes de me mudar pra Florianópolis, e essas duas primeiras cidades não têm teatros, então qualquer peça, qualquer musicista não pára ali. Em Floripa tem, mas é incrível como os artistas parecem pular Santa Catarina nas suas turnês. Parece-me bastante entranhado no saber popular que essas coisas só vão pra frente lá em São Paulo. Eu mesmo tô louco de vontade de ver minha música tocando lá pra ter o conforto de saber que tá tudo dando certo. Mas não sei, nunca pensei bem a respeito.

AR: Você está mais para “jovem novo” ou um “jovem-velho? Por quê?

TC: Haha, como assim?
Quem sabe novo no sentido de que é novidade, velho no sentido de que algumas coisas que aparecem nas minhas composições fazem um pouco de referência a coisas mais antigas de que eu gosto. Mas se for pra ver assim, isso serve pra tudo no mundo. Cada coisa tal qual é novidade, porque é a única desse jeito, mas ao mesmo tempo faz uma referência a uma coisa que precedeu ela, então esse negócio de novo/velho aí não serve pra muita coisa. É coisa de sentir o gosto mesmo, tem que ouvir a música pra saber o gosto que tem.

Pra mim o meu trabalho não é nada disso, afinal ele é meu projeto de vida. Tudo de mais verdadeiro que eu tô vivendo acaba aparecendo nas minhas músicas e não é novo ou velho, ou mpb ou pop ou rock, é aquilo que é.

AR: Uma ideia para o futuro…

TC: O próximo cd, se tudo der certo.

Transitoriamente em “Clássicos com Energia”

Posted in musica with tags , , , , , , , , on 12/06/2012 by transitoriamente

Todos aqueles que trabalham ou são aprecidores da música de alguma forma conhecem a célebre mistura de uma banda acompanhada por uma orquestra, uma camerata ou até mesmo um “simples” naipe de violino, cello e contrabaixo.

O projeto “Clássicos com Energia” tem algumas particularidades em relação a esse clássico formato.

Regido e concebido pelo Maestro Jeferson Della Rocca, temos então a Camerata Florianópolis acompanhada pela banda Brasil Papaya, tocando clássicos de Beethoven, Mozart, Vivaldi entre outros grandes nomes.

A própria Camerata Florianópolis já havia tocado com o Brasil Papaya no bem-sucedido “Rock’n’Camerata”. E como o nome bem diz foram tocados clássicos do rock nessas ocasiões. Dessa vez foram invertidos os papéis criando-se uma nova roupagem.

Com patrocínio das empresas Baesa e Enercan, a produção audiovisual ficou a cargo da Transitoriamente, e contou com a minha direção. Trabalho desafiador, cheio de nuances, mas muito gratificante.

Foram nada menos do que 16 músicas em cerca de 15 horas de gravação. Trabalho que somente uma equipe muito competente seria capaz de dar conta. E deu!

Gravado no belo e aconchegante “Baobah Estúdios de Autocriação”, o espectador poderá viajar junto, como se estivesse muito próximo aos músicos. Em certos momentos terá até mesmo a sensação de estar no mesmo lugar do maestro.

Mais uma vez ficou claro que os clássicos nunca se esgotam.

Ficam aqui os meus agradecimentos a todos que participaram direta ou indiretamente desse projeto.

Bom som e um abraço,

Antonio Rossa

 

Transmutação e Mudança

Posted in idéias simples e inovadoras, Novos projetos with tags , , , , , on 07/05/2012 by transitoriamente

Não é sempre que acontece, porém algumas vezes o trabalho e a vida se misturam em belos encontros cheios de significados e profundamente modificadores.

Foi o que aconteceu na vivência “Embarque em sua Natureza”, promovido pela Transmutar Vivência.

Foram dois belos dias na exuberante Reserva Passarim, em Paulo Lopes (SC), com práticas de automassagem, yoga e alimentação vitalizada.

Tive o imenso prazer de produzir o vídeo dessa especial vivência.

Se a mudança é algo difícil de ser realizado na prática, algumas experiências podem nos ajudar a descobrir caminhos dentro de nós mesmos, que facilitem essa busca.

Um abraço,

Antonio Rossa

Sete Questões para Jean Mafra

Posted in musica, sete questoes with tags , , , , , , , , , on 17/04/2012 by transitoriamente

Num mundo “facebookiano” e “instagramático”, onde contadores de histórias e analistas contábeis são facilmente confundidos, onde a arte não mais parece ser impulsionada pela surpresa e discurso social contestatórios, mas por aplicativos e pesquisas de opinião, e principalmente no tempo onde a tecnologia está mais importante do que o Homem, ainda assim existem seres-humanos utilizando-se de certas “humanices” em busca de um novo elo propulsor.

Chegamos ao Século 21 até certo ponto melhorados, mas não melhores. É possível que todas as pessoas terão uma câmera fotográfica digital antes mesmo de todos terem três refeições diárias garantidas. A fome de fama parece ter similar peso àquela do estômago. Vejo Narciso finalizando Dionisio com uma chave de braço.

Tempos modernos? Excesso de tudo? Desbunde narcisista? Bolsa de velhos valores? Difícil precisar, ainda mais quando um artista consagrado como Bono Vox, por exemplo, diz estar em dúvida sobre a continuidade de sua banda U2, devido a sua crescente “irrelevância”.

Jean Mafra é um desses inquietos, artista, filé-mignon de analistas recém-formados, macho que choca, bicha que não é, um depravado lúcido, um importante que só ganhará tamanha importância no dia em que se levar menos a sério.

Chegou atrasado no tempo. Hoje letras precisam ser quase infantis e profusamente desconexas para terem chances, ainda que ínfimas, de falarem mais alto do que o falatório onipresente. Tempo este em que poesia e slogan, som e música facilmente se confundem.

Mafra é compositor dos bons, e dos ”maus”. Relata o lascivo como quem não se importa, mas no fundo arde de rancor por carregar a real noção de que seu impulso para a opinião pública, tantas e tantas vezes, fica aquém do seu real talento.

Não lhe falta atrevimento, nem ousadia, muito menos conteúdo e coragem. Talvez seja uma questão de tempo. Será que vai chover?

Está com disco novo, o urgente “Pressa” (ouça aqui), junto com seu Bonde Vertigem. Justamente no momento em que se prepara para ser pai novamente, e um certo ar de serenidade parece lhe dar as caras.

Deixou para trás, e no início, sua militância política, ao mesmo tempo em que seu novo trabalho é uma espécie de caldeirão das conseqüências políticas e econômicas dos últimos 50 anos no mundo, mesmo que nos detalhes.

Na entrevista abaixo, transcrita com suas habituais “minúsculas”, Mafra mais uma vez se abre, e se joga sem pára-quedas, no mar revolto das novas possibilidades.

Se a arte está cada vez mais próxima de um souvenier envernizado por instagram, Mafra continua a exalar entusiasmo no fazer de seu ofício, e sente que ainda há gás para seguir, com ou sem verniz.

Bom som e um abraço,

Antonio Rossa

1) Rossa: “Pressa” parece declaradamente (e positivamente) um disco “terceiro-mundista”. O “primeiro-mundo” está declinando?

essa nomenclatura me parece meio datada, embora ainda faça sentido, claro. mas a questão é que assim como o termo, a visão de que o “primeiro mundo” estaria a frente “do(s) terceiro(s)” acaba por não levar em consideração que as nações desenvolvidas, ou imperialistas, são o que são por sempre terem sido “dependentes” das riquezas dos países pobres. entre essas riquezas está a música. foi a diáspora negra que construiu a música popular como nós a conhecemos (jazz, samba, choro, tango, mambo, rock, etc). nesse sentido, declínio e ascensão acabam por se embaralhar. nos dias de hoje, a produção musical com mais vitalidade vem de lugares como bogotáluanda,monterreybelém e não de londres, são paulo ou nova york.

2) Rossa: Qual a versão atual de Jean Mafra? Qual “roupa” não te serve mais? 

estou interessado em me divertir. em ser feliz com quem quiser ser feliz. minha “versão atual” é um remix de mim mesmo. pronto pra pista.

não me serve mais a atuação política. aquilo me fez mal. cansei. quero me dedicar mais ao palco, a composição, ao texto, a família e aos amigos. continuarei a ser alguém político, claro, mas ao meu modo.

agora, de modo geral, ao contrário do que possa parecer, embora tenha amadurecido e mudado de opinião, acho que há certa coerência nas coisas que venho fazendo, dizendo, nos últimos 7, 8 anos.

3) Rossa: A internet nos dá a possibilidade de termos “quase tudo” a um clique da mão e até certo ponto vem se mostrando o que de mais próximo a uma democracia podemos vislumbrar. Por outro lado o culto ao individualismo promove um novo status de seres Narcisistas. Recentemente Bono Vox, do U2, chegou a cogitar o fim do U2 por conta de uma sensação de crescente irrevelância. Estamos próximos ao ideal de “igualdade das diferenças”ou o mundo sempre será doloroso, injusto e opressor, e de cima para baixo?

e agora?! quem sou eu para lhe responder algo do tipo?! posso dizer que o que atualmente me interessa e me alimenta no mundo da música vem de países e economias periféricas e que essa produção nasceu através de programas de produção musical pirateados. me emociona pensar que os mesmos programas baixados em lugares diferentes (rio de janeiro ou luandacidade do cabo ou san josé)  geraram músicas tão diversas e ricas e que essas manifestações surgiram de um drible na lógica da indústria. lamentavelmente muito dessas cenas não chega ao grande público, que ainda perde tempo ouvindo velhos roqueiros milionários… pena. mas as coisas estão mudando, a indústria fonográfica perdeu muitas batalhas e hoje já não tem mais a mesma força que teve e isso é muito bom para a música, para os músicos e para os públicos. de todo modo, o mundo ideal ainda está muito distante.]

4) Rossa: Passaram-se os anos e o tal sucesso global da música catarinense ainda não aconteceu, ninguém ficou milionário, nem está de caso com a Madonna. Estás animado com o cenário atual?

olha, no meu caso, nunca acreditei em “música catarinense”, embora continue esperançoso quanto a DOMINAÇÃO GLOBAL… rá!!!

antonio, não conheço música catarinense. posso te dizer que existe algo que possa ser chamado de música paraense ou, vá lá, de rock gaúcho, mas aqui não há esse sotaque tão forte. será que haverá algum dia? será que isso faz diferença? vivemos em um estado pequeno e super fragmentado, temos um campo de trabalho relativamente pequeno, não contamos com apoio do público local, por essas e outras, é possível dizer que os artistas locais construíram MUITO. estamos de parabéns!

agora, tivemos um momento muito bacana entre 2007 e 2009. havia uma cena, pequena, mas interessante. depois a coisa toda desacelerou e naturalmente houve uma reorganização das forças criativas…

estou feliz onde estou, tocando com quem estou. tenho hoje ao meu lado no palco músicos que admiro muito e que não apenas ajudaram a construir o que temos, mas farão o que está por vir. a saber, o bonde vertigem é formado por ulysses dutracisso fernando bordignon e gringo heinzmann.

no mais, o cenário de hoje é muito promissor, ano passado foram colocados na rua trabalhos maiúsculos de gente como cassim & barbáriamapuchefevereiro da silva e outros. acho que neste 2012 ainda virão outros tão bons quanto.

obviamente, há muito o que mudar. recentemente houve todo um “ôba-ôba” em torno de um possível fechamento dotalesyn no centro e todos correram para salvar o bar… ora, embora ache importante manter todo e qualquer espaço, me chamou a atenção a preocupação geral em ajudar um lugar que não tem a mínima infra para os artistas se apresentarem. detesto essa onda de se fazer de “underground”. fica parecendo que o legal mesmo é o artista detonado, sempre. domingos longo, organizador da festa “s.o.s. talesyn” me alfineta por aí, dizendo que me fantasio e coisas do tipo, mas vejo que ele, que faz um sub-sub rock gaúcho, vive há umas duas décadas brincando de roqueiro rebelde nos fins de semana… até aí, cada um com seus interesses, certo?! o problema é que esse tipo de comportamento pauta parte significativa do jornalismo cultural da cidade, sabidamente formado por amigos do poser, o verdadeiro. daí, que acho que ainda há muito o que melhorar…

no mais, a madonna já passou, né?! sou mais a m.i.a., que além de relevante, é linda.]

5) Rossa: Recentemente as clássicas “Mocinhas” perderam em audiência para as novas “Piriguetes”, mostrando que há um novo “cool popularesco”. Que tipo de mulher Jean Mafra seria? 

antonio, que pergunta, hein? não sei nem que tipo de homem sou… “meu segredo é menina, mas as vezes não”.

6) Rossa: Apesar de mais sutil nesse último trabalho, o tema “sexo” é uma constante no seu trabalho. Quem fala muito pouco faz? Isso faz sentido?

então… sempre me interessou essa coisa lasciva no palco, nas letras, mas isso não significa que minha vida seja essa loucura toda, certo?! atualmente estou bem comportado. estamos grávidos, eu e ana carina, daí que meu momento particular é menos efusivo e mais aconchegante. isso não significa que a música que quero fazer vá nessa direção. o sexo, a orgia, o corpo, o vinho são ainda o que interessam ao meu mise en scène

7) Rossa: Comente a frase: “A sede de conhecimento parece ser inseparável da curiosidade sexual.” (Sigmund Freud)

(pausa para uma longa e teatral gargalhada)

me parece que o sexo sempre pautou o ser humano. a busca por poder, por dinheiro, é tudo sexo. até a coisa das drogas, não deixa de ser uma busca por um prazer que tenta substituir o sexual. daí que a música, a música para se festejar, para servir ao corpo e a festa, não deixa de ser um caminho que serve a este objetivo: sexo e prazer.

de minha parte, um meio rápido e seguro para se chegar “lá” é o bonde vertigem.

Transitoriamente: 2011 passado a limpo

Posted in musica with tags , , , , , , , on 26/12/2011 by transitoriamente

O ano de 2011 foi de muito trabalho e importantes projetos para a Transitoriamente.

Fazer uma retrospectiva não é simplesmente “mostrar aquilo que fizemos ou por onde andamos”, mas também colocar em perspectiva – mesmo que internamente – os erros e acertos de cada etapa do caminho, suas memórias e seus aprendizados. Compreender até onde o nosso trabalho de fato foi positivo e necessário para a comunidade.

A cada trabalho uma experiência inédita, uma nova vida que se abriu e que muito contribuiu para o nosso crescimento pessoal e profissional.

Mesmo diante de pixels, dígitos e softwares, são as pessoas e suas emoções aquilo que nos motiva a continuar batalhando e evoluindo.

A cultura do nosso estado (e suas ligações com outras culturas) permanece sendo o principal combustível criativo da Transitoriamente. Mostrar a nossa gente, os nossos artistas, isso é uma honra e um sonho que realizamos dia após dia.

Alguns projetos ficaram para ser lançados em 2012. Ao longo desse post vocês saberão do que se trata.

Agora é viver para ver.

Um grande abraço a todos e um 2012 pleno de conquistas,

Antonio Rossa

WEBSITE OFICIAL E O NOVO LOGOTIPO.

Começamos o ano com o lançamento do nosso website oficial e do nosso novo logotipo “A Chave”.

Eu desenhei o site, Rodrigo Dutra projetou o logotipo comigo e o webmaster Isaac Alves programou.

Ainda em 2012 deverá ser lançada a versão HTML5 do site.

OUTRAS PESSOAS

Tive o imenso prazer de dirigir e filmar o vídeo-release do projeto “Outras Pessoas”, de Silvio Mansani, e que ainda contou com as ilustres presenças de André Mehmari, Luiz Gustavo Zago e do Quinteto de Cordas Catarinense.

“Outras Pessoas” foi gravado no The Magic Place Estúdios, em Florianópolis, por Renato Pimentel e Doug Herd.

Ainda dentro do mesmo projeto criamos o blog e o site oficial do Mansani.

LEANDRO CHAVES E SUA ALDEIA

Em abril tive a alegria de ser convidado para fotografar a estréia de “Aldeia”, a primeira exposição do artista plástico catarinense e premiado diretor de arte publicitária Leandro Chaves.

Na época escrevi um post sobre. Leia aqui.

LUIZ GUSTAVO ZAGO

Fiz também uma emocionante sessão de fotos com Luiz Gustavo Zago, em pleno Teatro Álvaro de Carvalho, o TAC, em Florianópolis.

Esse material está sendo utilizado em veiculações de mídia e fará parte do novo website do músico.

MUSADIVERSA

Fizemos a capa e o encarte do projeto Musadiversa, um belíssimo trabalho musical que reuniu um timasso de músicos catarinenses.

Felipe Coelho, Luiz Gustavo Zago, Mauro Borghezan, Rafael Calegari e Maycon de Souza criaram um trabalho ímpar para a música instrumental mundial.

A capa foi criada e pintada por Marcela Machado.

NUVEM AO VIVO

Completados dois anos do lançamento do NUVEM, meu primeiro disco, tive a honra de ser convidado para participar da 1° Maratona Cultural de Florianópolis. Alegria imensa em poder subir ao palco com os músicos da Sociedade Soul, ou seja, a mesma banda que gravou e arranjou o NUVEM.

A cantora Bruna Gargioni fez umas participação especial e deu o ar da sua graça em “Quem de Nós?”.

Quem esteve presente na Célula sabe que foi um momento muito especial, poder subir ao palco com tanta gente talentosa.

INDISCIPLINA

Pra fechar o ano com alegria e novidade a Carbono 12, sob direção de Juliano Malinverni, lançou o projeto Indisciplina.  Uma pá de gente legal participou dessa aventura.

Vocês podem conferir um texto meu sobre o projeto (clique aqui)  e abaixo uma das minhas participações.

NOVOS LANÇAMENTOS – 2012

Para o primeiro semestre de 2012 teremos o lançamento de dois DVDs musicais.

Brasil Papaya Emancipation está em vias de finalização e o Camerata Florianópolis – Clássicos com Energia já está na timeline. O primeiro foi gravado no histórico Teatro Álvaro de Carvalho, o TAC. Já o material da Camerata foi captado no novíssimo estúdio Ba-o-Bah.

Que venha 2012 e o fim de alguns mundos!

Transitoriamente 2011

Indisciplinado por opção

Posted in musica with tags , , , , , , on 23/12/2011 by transitoriamente

Juliano Malinverni coordenou a trupe e junto com a sua Carbono12 produziu uma série de programas “webaudiovisuais” que já começaram a dar as caras na rede e em outras redes por aí.

Música e poesia embalados numa roupagem  transmidiática, algo que pode ser entendido como uma história que começa a fazer parte de outras histórias em diversas mídias e assim por diante.

Até o momento já foram lançados três vídeos, e vocês poderão assisti-los logo abaixo.

Em verdade, só poderei aqui me ater a minha própria visão da coisa, já que em nenhum momento me foi esclarecido ou determinado coisa alguma. Ponto positivo, e lúcido, para um projeto chamado Indisciplina.

Somos fisgados por inúmeras coisas, propagandas televisivas fazem isso de forma magistral. Pois bem, indisciplina me pegou feito mel num formigueiro.

Depois de um exaustivo, mas muito produtivo ano de trabalho com a Transitoriamente, o que eu mais desejava era não entrar em mais nenhum projeto até a virada do ano. Indisciplina me pegou, eu já disse, mas repito. Indiscplina me soou desafiador, antes mesmo de eu ter qualquer noção do que viria. Disciplina possivelmente não me atrairia naquele momento.

A escalação das pessoas foi um bom indício de que algumas coisas seriam diferentes. Sim, as cercas pareciam menos cercadas, e as obviedades dos grupos teriam nesse projeto uma cara nova. Novos ventos, sem aquele ranço de cartas marcadas.

Jean Mafra, Vina da Caverna, Gabriel Jacomel, Juniores Rodrigues, François Muleka, Beni Menezes, Caio Lopez, Guilherme Malinverni, Felipe Melo, Jordane Camara e Kim Knoche. Foi um prazer trabalhar com algumas pessoas que eu ainda não conhecia, e outros velhos de guerra, num clima mais aberto, sem pré-definições.

Poesia musicada? Hmmm. Eu precisa fazer isso, mesmo sem ter a clareza de que precisava. Creio que eu já sabia, mas ninguém havia me confirmado isso. Juliano fez o convite e a partir dali foquei na indisciplina minha maneira de contribuir com o projeto.

Hmmm. Poesia musicada? Interessante, e logo após pensei se não haveria alguma poesia que se encaixaria nessa proposta. Espera aí, não havia proposta, ou pelo menos a proposta era simplesmente propôr formatos iniciais, e o que viria em seguida seria um próximo e inédito passo.

Chegamos ao dia da primeira gravação. Foi uma música de autoria do Juliano, que eu ouvi algumas vezes e arrisquei ir ao estúdio sem ensaios. Não sei se foi uma boa idéia, e só saberei que não ficou legal caso a música não venha a ser lançada. Tenho certeza de que a rapaziada não será tão irresponsável quanto eu.

O efeito colateral beirou uma ressaca, um porre. Acho que levei a sério demais esse lance de indisciplina.

Mas como um apostador que arrisca um quinhão maior logo após uma arrasadora derrota, e por acreditar que a poesia sendo minha a cama estaria montada para mim, fui mais uma vez sem nenhuma decisão tomada, apenas com o meu livro Eu Também – que lancei junto com Filipe Polese em 2008 – nas mãos.

A poesia apareceu, entre consultas com o pessoal que estava no estúdio e mais algumas folhadas no livro. Sem nenhuma base musical, apenas declamei aquelas palavras. Naquele vão entre a minha voz e o retorno dela pelo fone as palavras pareciam ainda mais vivas, muito mais cheias de sentido e intenção.

Por um instante achei que o livro não seria o lugar ideal para poesias, e que elas estavam ali por circunstâncias históricas e evolutivas. Se não uma prisão, uma estrada esburacada.

Divagações libertárias a parte, o resultado me pareceu honesto, e não que eu ache que honestidade é o maior valor de uma arte, há muitas coisas para serem equilibradas.  Pelo menos não me esquivei diante da única premissa que me pareceu clara nesse projeto, a indisciplina.

Um abraço,

Antonio Rossa

Utopia: Uma realidade ultrapassada?

Posted in Curiosidades with tags , , , , , , on 24/10/2011 by transitoriamente

Como é prazeroso compartilhar o bom conhecimento, conteúdos com peso e forma capazes de levar adiante ideias e ideais que hoje são de certa maneira sufocados pela mídia de massa, onipresente e fundamentalmente comercial e restrita.

Abaixo você confere alguns episódios da mini-série “Era das Utopias “ de Silvio Tendler, transmitida pela TV Brasil, em 2009.

Um primoroso material que analisa, através de entrevistas com diversas personalidades, o surgimento da utopia socialista e seus desdobramentos até os dias de hoje.

Aproveite e reflita.

Antonio Rossa

A semente da destruição

Posted in Curiosidades with tags , , , on 24/10/2011 by transitoriamente

A gente fala sobre os direitos autorais referente à música, a literatura, as imagens, enquanto outros sobre os diretos que mega-corporações possuem de criar sementes estéreis que impossibilitam a sua futura reutilização.

Em resumo, alguém impõe sobre a vida de uma semente um não-direito à sua continuidade. Um plantio e basta! Compre outras ou não plante.

Então você pode pensar: Trata-se de um grão, um simples grão, um quase-nada grão, um grão de milho boiando no vaso-sanitário. Como se não existisse um universo inteiro dentro de um grão de milho, incluindo eu e você.

A analogia acima seria mero exercício retórico se não houvesse dentro de um grão de milho milhares de famintos que dariam seu tudo em troca de um grão que germinasse.

O problema não seria tão grave caso esse processo não colocasse em risco a soberania alimentar de um País. Num primeiro momento parece algo inofensivo, mas em anos ou décadas dessa prática podemos simplesmente eliminar a natureza real de um simples grão e a capacidade de um povo de levar sua produção alimentar adiante, de forma independente. Ficaremos presos à uma indústria e impossibilitados de plantarmos um pé de milho sequer no quintal da nossa casa. Trata-se de um assunto extremamente sério.

Então eu não farei aqui uma crítica contraria a sementes geneticamente alteradas, nem a favor, mas sim irei propor um possível estudo, que nesse caso seria criar a “esterilidade da miséria humana”.

Não é possível que não haja dentro de nós sementes dispostas a tal experiência, levando-se em conta que nesses procedimentos não haveria seringas nem bisturis, já que o processo seria o inverso, uma anti-anestesia, que poderíamos simplesmente chamá-la de Consciência.

Então alguém lembra do grão, do milho, e dos próprios grãos. Já fomos muito menores do que um grão de milho, e nossa natureza sem a mão do homem nos transformou nesse milharão de gente.

Gente que continua a recriar, a ser fruto e semente.

Até quando?

Antonio Rossa

Estamos vivos!

Posted in Uncategorized with tags , , , on 19/10/2011 by transitoriamente

Olá pessoal,

Fiquei um bom tempo sem atualizar o nosso querido blog, muito por conta da carga de trabalho dos últimos meses e até mesmo para tentar entender melhor a validade de um blog hoje diante de tantas ferramentas mais rápidas que não param de acontecer.

Confesso que foi importante ter essa perspectiva. Às vezes se encostar na parede e deixar o fluxo de gente ir pela calçada é também uma maneira de andar com essas pessoas.

Ao mesmo tempo não é porque fast-food é mais rápido que passaremos a basear nossa dieta nisso. Justo?

Essa semana ainda teremos post novo por aqui.

Um abraço,

Antonio Rossa

A explosão hipercultural de Musadiversa

Posted in musica with tags , , , , , on 19/10/2011 by transitoriamente

É quase impossível dissociar a proximidade que temos de alguém e os atos parciais e tendenciosos que podemos cometer quando nos referimos a este, com a ressalva de que somente a verdade clara a respeito daquilo que se afirma pode nos fazer sair ilesos (ou quase) de qualquer comentário que diga: “Ah! Mas você conhece eles” ou “elogio de mãe não vale” ou…

Estamos em Florianópolis, em pleno sul do Brasil. O ano é 2011.

Apesar da proximidade que eu tenho com muitos desses músicos, e ainda pelo fato de eu ter trabalhado na arte gráfica do mais recente trabalho dessa turma, só vim a conhecer Musadiversa (as músicas) justamente no lançamento do disco, com o quinteto tocando ao vivo no palco do TAC, em Florianópolis, no último 16 de outubro.

Os artistas em questão são Felipe Coelho (Violão 7 cordas), Rafael Calegari (Contrabaixo), Maycon de Souza (Sax), Mauro Borghezan (Bateria) e Luiz Zago (Piano), alguns dos músicos mais expoentes de SC na atualidade (nessa ordem na foto).

Explico aqui que Musadiversa (ouça) é o resultado da união desses músicos, num encontro inédito de sons, ritmos e personalidades.  Um ousado projeto produzido pelo violonista Felipe Coelho e que tinha em sua premissa fundamental o tremendamente complexo objetivo de propor alguns novos caminhos para a música instrumental. Uma antropofagia ampla, de corpos sem fronteiras.

Ah! Todos nós sabemos que humildade é uma qualidade das grandes pessoas, algo tão difícil de se conseguir quanto o próprio entendimento do que vem a ser humildade. Pergunte para alguém e este logo lhe dirá: Humildemente falando…

Não! Não acredito que alguém verdadeiramente humilde começaria uma frase assim. Agora, alguém assumir a própria pretensão não seria um sinal claro de humildade? Pelo menos pontual?

Tom Jobim certa vez disse algo como “sucesso no Brasil é insulto pessoal”. Ora, até para jogar um simples bilhete de loteria faz-se necessário uma boa dose de pretensão (e não apenas sonho), caso contrário a sola gasta do seu sapato, alguns litros de combustível, mais o custo do bilhete já seria um desperdício imenso, haja vista que você aparentemente ainda não ganhou o grande prêmio e continua a tentar. Tudo bem, tem o prazer… Mas ele logo se esvai e então a realidade volta.

O CONCEITO

Musadiversa não é apenas um dos mais avançados trabalhos musicais lançados em SC no ano de 2011, mas muito provavelmente um lastro para a “nova” música instrumental brasileira, que conta nos últimos dez anos com as enormes contribuições do gaúcho Yamandú Costa, dos cariocas André Mehmari e Hamilton de Holanda, e do paulista Chico Pinheiro.

Universal, hipercultural e por vezes até mesmo assoviável. Um disco que não teme misturas improváveis e nem parece querer responder a sua própria pretensão. Aliás, querer algo pode ser uma mera desculpa para simplesmente ir, continuar, não se deixar à toa. O resultado em si não pode ser mais importante do que o processo, o realizar.

Num mundo onde quase tudo parece já ter sido feito, é até mesmo saudável e necessário acreditar que podemos transformar as coisas. Então Musadiversa também pode ser visto como um trabalho de transformação, começando pelos músicos que dedicaram 12 meses e iniciaram tal desafio praticamente do zero.

Um time de estrelas é garantia de vitória? Sabemos que não, ainda mais em se tratando de música onde não existe placar ou fórmulas decisivamente prontas.

Talvez o trabalho peque no sentido de não explorar outros timbres menos orgânicos, o que poderia trazer um público diferente ao grupo e até mesmo apontar para outras direções. Quem sabe isso seria óbvio demais e não seria Musadiversa. Por outro lado, a ideia do faltar pode ser uma ponte ao próximo passo. Nada está completo e é melhor que seja assim.

Por outro lado, a falta de intimidade com essa música mais “cool” poderá fazer alguns desavisados caírem num lugar muito comum. “Isso é apenas Jazz”. Calma! Vá adiante, a montanha pode ser longa, mas o prazer da vista vale a pena.

O DISCO

O acesso das pessoas às modernidades digitais acabou por gerar a idéia falha de que tudo na arte parece ser fácil ou que apertando dois ou três botões temos ela em nossa frente, em Full HD ou instagram. A estética final vem levando vantagem sobre o ofício, o fazer. Musadiversa é labor, são cinco músicos ” quebrando pedras, serrando portas e janelas”.

Lembro-me de ouvir  Coelho admitindo a dificuldade de manter um grupo em sintonia e focado apenas na arte, ainda mais diante dos compromissos cotidianos, daquela vida que nos leva à paralisia criativa e ao marasmo. Vez por outra a TV nos chama e ali pairamos, perigosamente.

Algo me diz que até mesmo os bons DJ´s sabem que o resultado do seu trabalho é mais complexo do que apenas “mexer em alguns botões”, mas eis que tudo acaba em generalismos ou ecos uníssonos na capa da revista, e então colocamos no mesmo balaio reis e rãs. Cuidado!

Assim Musadiversa começa por propôr um rompimento com aquela idéia de que músicos “eruditos” ou “estudados” não engolem a música eletrônica e seus botões. Certamente (quase) uma bobagem, mas os estigmas nos perseguem, inclusive aqueles que trazem a palavra humildade antes do próprio ato de sê-lo.

AS FAIXAS

Então nos veio DJazza Nova, composição de Felipe Coelho. Inusitada, com a pegada do eletrônico e do rock´n´roll, e um respiro textural puramente orgânico. Melódica e contrastada, um misto da pressa e da suavidade que muito bem representa os tempos atuais.

Qualquer preconceito cai por terra quando o assunto é diversidade e novas possibilidades sonoras. A música imprime o tom, o resto é especulação social.

Na seqüência Mantrânsica, composição do grupo, traz no título a esperta junção das palavras mantra e transe, que muito bem definem a música. Uma viagem onírica entre uma mantra oriental e o sabor do transe do maracatu nordestino. Sem dúvidas um cardápio idiossincrático.

Impressões Digitais parece trazer a sagacidade de um investigador norte-americano dos anos 40. Lupa, luvas e mistérios. Segundo Coelho, a música traz a influência do mestre Pat Metheny e uma forte ligação com o jazz clássico. Isso parece dizer tudo, mas a música em si segue seu próprio caminho, uma particular “impressão digital”.

Linhas Curvas é de autoria do baixista Rafael Calegari. Uma levada solta, leve, com um certo toque mineiro e até mesmo rural, e nem por isso menos sofisticado. Algo que muito me surpreendeu na primeira audição.

Musadiversa, de Felipe Coelho, é talvez a mais colorida do disco. Não correrei o risco de rotulá-la em respeito a tudo aquilo que eu acabaria deixando de lado. Em tese, uma música com toques femininos, curvilínea e sensual.

Salsete, de Luiz Zago, é quase uma “salsa-gaudéria”. Mas não se engane, La Cuba libre e o Rio Grande do Sul são pêndulos entre mundos bastante distintos. Salsete também é assim.

Mosaico é a mesma música do trabalho-solo de Felipe Coelho – Catavento – porém agora em nova roupagem. Clara junção de influências orientais com a música sul-brasileira, fechando com um explosivo jazz.

Fora do Jogo fecha o disco e é a segunda composição solo de Luiz Zago no trabalho. Um classic-jazz baladeiro e direto ao ponto. Aliás, a única balada do disco, colocando-a de certa forma “fora do jogo”.

A CAPA

Recebi o enorme desafio de criar uma capa a partir apenas de algumas ideias que Felipe Coelho me explanou, e de uma música inacabada.

Era tanto e tão pouco, um daqueles momentos em que você precisa revirar as suas “gavetas internas” em busca de luz. E a luz estava mais próxima do que eu poderia imaginar.

Chamei a minha mulher, Marcela Machado, para testar algumas possibilidades. Se eu tinha as ideias do Coelho e uma música inacabada, Marcela agora tinha esse somatório aparentemente confuso, o que poderia levar a um grande trabalho ou a um triste fracasso.

Marcela juntou folhas, tintas e pincéis e adentrou quatro ou cinco noites. Nossas conversas foram calorosas, por vezes difíceis, mas ao mesmo tempo a arte nos foi revelando beleza, novidade e doçura. Não se trata de simplesmente de apagar e começar tudo de novo, as artes plásticas requerem uma certa entrega muito particular. Não há muitas chances de tropeço.

Era uma manhã cinza e Musadiversa apareceu, fez-se, deu-nos um belo bom dia e disse: Prazer, sou eu!

Com seus olhos profundamente negros, capazes de absorver diferentes culturas, formas e sons. Veio então a ideia de uma capa que enxerga, mas que também proporciona ao espectador um mergulho em seus olhos.

AVANTE

Eu diria que Musadiversa é um trabalho musical amplo, ousado e fundamental para entendermos parte da música catarinense e brasileira desse início de século, bem como a ideia de hipercultura que hoje permeia diversas expressões mundo afora.

Bom som e um abraço,

Antonio Rossa

Um novo espírito de um tempo?

Posted in audiovisual, Curiosidades with tags , , , , , , , , on 01/08/2011 by transitoriamente

Devemos simplesmente tentar destruir o Sistema, o Capitalismo? Não, não creio. É preciso ao menos repensarmos o mundo em que vivemos, su condição, a nossa comunidade, buscarmos novas alternativas.

Aqui no Brasil, por exemplo, temos ainda sérias questões a serem discutidas. Fome, miséria, saúde, corrupção, meio-ambiente, são alguns dos temas que necessitam um mais amplo diálogo.

O mundo necessita da nossa consciência, com urgência. Não somos algo “fora” do planeta, somos parte.

Acredito que vale a pena você tirar duas horinhas da sua vida para assistir ao Zeitgeist – Moving Forward, o terceiro filme da série que começou com Zeitgeist – O Filme (2007) Zeitgeist Addendum (2008), todos dirigidos pelo ativista norte-americano Peter Joseph.

Abaixo você pode assistir à versão completa.

Há ali esquemas de um grande projeto de novo mundo. Um mundo que se auto-analisa um sistema ideal.

Bom para pensar e refletir sobre certos aspectos da natureza humana, uma espécie de auto-revelação dos nossos próprios vícios, vícios estes que no mercado são lascivamente chamados de “sonhos de consumo“.

Até onde estaremos dispostos a abrir mão do direito de posse e propriedade? E de todo o aparato de poder que isso envolve?

Vale uma reflexão sobre até onde as nossas atitudes pessoais e a nossa participação dentro da comunidade estão conseguindo criar uma voz política-engajada, capaz de pressionar o sistema em direção ao aprimoramento de si mesmo, para longe do ideário do individualismo ganancioso e excludente.

Aproveite para pensar.

Antonio Rossa